Um estudo inédito do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) revelou um dado alarmante sobre a adoção no Brasil: aproximadamente 9% das crianças e adolescentes adotados desde 2019 foram devolvidos às instituições de acolhimento. Isso significa que, para cada 100 crianças que iniciaram o processo de adoção, nove retornaram ao sistema de acolhimento.
O que leva à devolução?
A pesquisa identificou diversos fatores que contribuem para a devolução de crianças e adolescentes adotados, como:
Idade: Adolescentes, especialmente aqueles com até 15 anos, apresentam maior probabilidade de serem devolvidos.
Condições de saúde: Crianças com necessidades especiais, como deficiências ou que necessitam de tratamento médico contínuo, também têm maior risco de serem devolvidas.
Comportamentos desafiadores: Dificuldades comportamentais, como agressividade ou dificuldades de aprendizagem, podem levar à desistência da adoção.
Falta de preparação das famílias: A falta de informações e preparo para lidar com as necessidades de uma criança ou adolescente adotado pode ser um fator determinante para a devolução.
Impacto da devolução
A devolução de uma criança ou adolescente adotado causa um profundo impacto emocional tanto para a criança quanto para a família. A criança vivencia um novo rompimento de vínculos afetivos, o que pode prejudicar seu desenvolvimento emocional e social. Para a família, a experiência da devolução pode gerar sentimentos de culpa, frustração e angústia.
O que fazer para evitar a devolução?
É fundamental que sejam adotadas medidas para prevenir a devolução de crianças e adolescentes adotados. Algumas ações que podem ser implementadas incluem:
Fortalecimento dos programas de preparação para adoção: É preciso oferecer aos futuros pais adotivos informações e ferramentas para que possam lidar com as diversas situações que podem surgir na criação de uma criança ou adolescente.
Acompanhamento pós-adotivo: O acompanhamento psicológico e social das famílias adotivas é fundamental para identificar e tratar possíveis dificuldades.
Flexibilização da legislação: A legislação brasileira precisa ser revista para garantir que as famílias adotivas tenham mais apoio e recursos para cuidar das crianças com necessidades especiais.
Conscientização da sociedade: É preciso promover uma ampla discussão sobre a adoção, desmistificando o tema e incentivando a adoção de crianças maiores e com necessidades especiais.
A importância da pesquisa
O estudo do CNJ é um importante passo para compreender a complexidade do processo de adoção e identificar as medidas necessárias para reduzir o número de devoluções. Ao aprofundar o conhecimento sobre as causas da devolução, é possível desenvolver políticas públicas mais eficazes para garantir o bem-estar das crianças e adolescentes adotados.